Depois de tanto tempo sem te ver

O que dizer? “Oi, como vai você?”

Pareceríamos completos estranhos

Na verdade talvez agora sejamos

Afinal, tenho que dizer

Já não sou a mesma...

E acho que nem você

Mas vamos, me fale

O que dizer? “Como vai você?”

Quero saber, na verdade

Por quais ruas andou?

Que outras pessoas conheceu?

Que outras bocas beijou?

Se você sentiu saudade de mim

Se sequer pensou em nós

Como eu pensava ao te ver partir

Mas ao te ver só consegui dizer

“Como vai você?”

E você sorriu como costumava fazer

A me ver querendo esconder algo de você

E minha indiferença se desfez

Naquele olhar que você me deu

Você entendeu todas as perguntas que eu quis fazer

E disse: “Bem, e você?”

Tenho algumas coisas a resolver

Antes de poder amar de novo

Tenho que pintar as unhas

Arrumar o cabelo

Não se engane amor,

A beleza não está apenas no espelho

Tenho que arrumar uns livros

Jogar fora o que não usei

Escutar algumas músicas antigas

Que me lembrem onde eu errei

Tenho roupas no armário

E os lugares onde as usei

Que me lembram de cenários

Nos quais contigo passei

Tenho que esquecer um sorriso

Que me fazia estremecer

E me livrar de versos antigos

Que escrevi para você

E depois de tudo isso

Ainda há um lugar para arrumar

Tenho que consertar um coração partido

Para um novo amor ali colocar

Este coração ferido

Como passarinho fugido

Baleado com tamanha dor

Que já esqueceu porque voou

E esta ferida dói tanto

E sangra tanto

E não cicatriza nunca

Anteparando sua fuga

E essa dor irremediável

Que não passa e não se esquece

Traz a boca gosto amargo

E ao coração fenece

E chorando já baixinho

Querendo colo, querendo carinho

Vem sua voz ao meu ouvido

E sussurra “Volta passarinho”

E a dor então se acalma

E o peito num choro desata

E o coração recupera suas asas

E volta pro seu ninho, sua casa

Estou disposta a dar minha vida em tuas mãos,

Sem perguntas, sem dúvidas, sem explicação

Estou disposta a confiar-me a este sentimento como jamais fiz

Confesso-te meu amor, dou-te meu coração, declaro-me a ti

Pois se teu amor a mim pertencesse

Eu o amaria por todos os dias

Porque se teus ouvidos fossem meus

A eles eu dedicaria todas as palavras minhas

Aos teus beijos não faltariam,

Se de meus lábios fossem,

O doce gosto do desejo

Guardado apenas para você, jamais dados a outrem

Porque se fosse tua pele minha

A cada abraço, a cada toque

A ela eu desvendaria

Em teu perfume entorpecida

Para você juro o que for

Prometo-te até o que não poderei cumprir

Em troca? Só seu amor me bastará,

Apenas ver-te sorrir

Meu coração ermo de poesias

E de tantas alegrias

Que poderiam a ele pertencer

Seguindo infenso ao seu destino

Brincando como menino

De não querer crescer

Ponderando entre o que conhece

E o que quer conhecer

Ah coração deixe de bobagem

Deixa de insegurança

Deixa viva a esperança

Permita-se viver

Deixe o amor chegar de novo

Mesmo que pareça louco

Por entregar-se assim

E com a aquiescência de novamente amar

E já sem medo de apenas ser

Verá, então, dentro de si

O amor renascer.

Se quando o sol irradiar teu corpo
Teu perfume em minha pele ficar
Irei guardá-lo em mim
E vou lembrá-lo
Ao sentir teu cheiro
A noite em meu travesseiro
Meu coração travesso
Sorrirá e será
Outra vez teu
E se a saudade, amor,
Nosso olhar não calar
Que nós a calemos com um beijo
E se com um beijo ela aumentar
A cobriremos de desejo
Num abraço que eu hei de dar
Que abrace teu corpo inteiro